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10 de novembro de 2007

trechos escolhidos de "Manuelzão"

O universo popular em Manuelzão

· Utilização de refrões, ditados, quadras, versos populares e da sabedoria do sertão mineiro

· Referência ao romanceiro de cordel: Romanço do Boi Bonito, Décima do Boi e do Cavalo

“E... era uma vez uma vaca Vitória: caiu no buraco — e começa outra estória... e era uma vez uma vaca Tereza: saiu do buraco — e a estória era a mesma...”

“Eh mundão! Quem me mata é deus, quem me come é o chão!”

“Alegria do pobre é um dia só: uma libra de carne e um mocotó.”

“Compadre, veja. Mais antes trabalhar domingo do que furtar segunda-feira. Mesmo digo. Aqui a gente olha a garapa ainda na cana.”

“— E a vida, seu Chico?, alguém pergunta, e ele responde: ‘— É isto que se sabe: é consolo, é desgosto, é desgosto, é consolo — é da casca, é do miolo.”

“Suspiro rompe parede/ rompe peito acautelado/ também rompe coração/ trancado e acadeado”

“Eu subi pro céu arriba/ Numa linha de pescar/ Fui perguntar Nossa Senhora/ se é pecado namorar”

“Travessei o São Francisco/ Montado numa cabaça/ Arriscando a minha vida/ Por um gole de cachaça”

“Esse boi que hei, é um Boi Bonito: muito branco ele é, fubá da alma do milho; do corvo o mais diferente, o mais perto do polvilho. Dos chifres, ele é pinheiro, quase nada torquesado. O berro é uma lindeza, o rasto bem encalçado. Nos verdes onde ele pasta, cantam muitos passarinhos. Das aguadas onde bebe, só se bebe com carinho. Muito bom vaqueiro é morto, por ter ele frenteado. Tantos que chegaram perto, tantos desaparecidos. Ele fica em pé e fala, melhor não se ter ouvido...”

ESTÓRIAS

“Festa devia de ser assim: o risonho termo e começo de tudo, a gente desmanchando tudo, até o feito com seu suor do trabalho de sempre; e sem precisar, depois de tornar a refazer. Que nem com as estórias contadas. Chegava na hora, a estória alumiava e se acabava. Saía por fim fundo, deixava um buraco.”

“As estórias — tinham amarugem e docice. A gente escutava, se esquecia de coisas que não sabia”.

“Mas, tinha lá alguma graça aquela estória de amor nessas gramas ressequidas, de um velhão no burro baio com uma bruaca assunga-a-roupa?”

“Até as mulheres choravam. Leonísia suavemente, Joana Xaviel de certo chorava. Essa estória ela não sabia, e nunca tinha escutado. Essa estória ela não contava. O Velho Camilo que amava. Estória !”

Epígrafe:

“O tear

o tear

o tear

o tear

quando pega a tecer

vai até o amanhecer

quando pega

a tecer

vai até ao

amanhecer...”

(Batuque dos Gerais)

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