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25 de setembro de 2008

Comentário_A alma encantadora das ruas_1

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_Aloisio

_A alma encantadora das ruas (João do Rio)

O CRONISTA QUE ENFEITA A MISÉRIA

João do Rio é o autor transeunte, que faz da observação a base de seu ofício, para refletir sobre a história e a cultura, sobre os padrões de sociabilidade e o início da modernidade brasileira. Ao fazer espécies de closes fotográficos das ruas com seus textos, sonda as formas de vida inusitadas instauradas pelo estado de decadência da população pobre, no Rio de Janeiro, em meio à modernização da vida urbana.

Os leitores de João do Rio tinham que se sentir impactados por esses modos de vida marginais, como os de ciganos, trapeiros, catadores de selo, mendigos, prostitutas, catraieiros, ambulantes e vendedores de livros baratos, por exemplo. Para tanto, João do Rio se valia de um estilo “art noveau” de escrita, segundo enfatiza o crítico José Paulo Paes. É a arte nova da belle époque, o estilo enfeitado e ornamental que chega ao Brasil através de revistas e artigos manufaturados importados, no início do século XX. João do Rio tinha um refinamento mundano, escrevia crônicas sociais e preocupava-se em vestir-se elegantemente, como um típico dândi. Assim, seu estilo literário também será enfeitado, rebuscado, com gosto pela ornamentação vocabular e pelas comparações metafóricas. Porém, ao invés de tratar do luxo, em A alma encantadora das ruas, trata do que a elite aburguesada ignora: da população marginalizada.

Nas crônicas de João do Rio, nota-se uma ambigüidade entre o gosto decadentista e seu espírito cosmopolita. Isso quer dizer que há um gosto pelo aspecto grotesco das ruas, uma fascinação pelos miseráveis e seus modos de vida, e ao mesmo tempo, a postura de quem busca ascensão social e integração à cultura universal. João do Rio é um dândi de maneiras requintadas, interessado em retratar para a burguesia e o povo carioca as contradições entre a urbanização da cidade e o aumento das classes marginalizadas.

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